Meditação




Olá! Eu sou a Dani e esse texto fala sobre Meditação.

O médico norte-americano William Collinge define meditação como "uma prática simples e tranqüila, que encerra um poder extraordinário para auxiliar na resistência à doença e manter a saúde em geral". Mas a meditação é muito mais que isso. Ela proporciona ao praticante o que Clarissa P. Estés, psicóloga junguiana, chama de 'o retorno ao lar', ou seja, a volta para dentro de si mesmo, para um ponto só acessado pelo indivíduo, em condições de absoluta serenidade.

Muitas doenças são auxiliadas exatamente por essa sensação da volta para casa, porque a meditação faz o caminho contrário. 

Hoje em dia, a sociedade moderna exige que o homem se afaste de seu eu interior, usando uma ou várias máscaras, a 'persona', a forma como nos comportamos em sociedade. Sentimentos como medo, insegurança, desejos, tristezas, não podem ser manifestados, por exemplo, em uma sala de reuniões. Para sobreviver no trabalho, o homem tende a agir de maneira que não é, porque alguns sentimentos não são politicamente corretos de serem expostos. A sociedade considera 'de mau gosto' falar de assuntos pessoais ou considerados 'delicados'. E, geralmente, temas delicados são os temas verdadeiros, que o indivíduo vai adiando até encontrar o estresse. Isso colabora para que o homem se sinta sozinho com seus problemas, fragmentado, distanciado de sua verdadeira natureza.

A meditação é uma técnica que faz com que o indivíduo recupere e mantenha seu eixo, um centro, para onde pode retornar quando quiser. É como a ponta do compasso, que se bem fincada consegue traçar círculos perfeitos, sem que ela (o eixo) saia do lugar. Depois de anos de prática, a pessoa consegue se manter em seu eixo, mesmo estando no convívio social. Isso diminui a tensão e, conseqüentemente, fortalece as defesas imunológicas. É uma reação em cadeia que proporciona, muitas vezes, a cura de uma doença. É assim que a meditação provoca o equilíbrio e a harmonia psíquicos e esta técnica é fundamental no controle da dor, que é a manifestação física de um desconforto antes sentido pela mente, em muitos casos.

Mas como a meditação atua para aliviar a dor? Primeiramente, diz Dr. Howard Fields, da Universidade da Califórnia, diz que o relaxamento, que é cerne da meditação, relaxa a tensão muscular que em geral contribui para a dor. E que a ansiedade envolvida na antecipação da dor - ou em pensar que a dor nunca irá passar - é o que causa a contração muscular. A meditação também modifica a resposta das pessoas à dor, que é mais do que uma sensação física, é algo experimentado na emoção.

Tipos de Meditação

Existem infinitas formas de meditação, derivadas de duas formas básicas:

- Meditação livre - não é conduzida por nenhum instrutor, nem se usa fitas gravadas com instruções, apenas o meditante se senta e deixa que os pensamentos fluam livremente, em silêncio. 

- Meditação dirigida - é uma meditação conduzida por um instrutor do início ao fim, ou é dirigida por meio de fita gravada com a voz do instrutor, ou com a própria voz do meditante. Quando as instruções da meditação incluem imagens, entra no campo da visualização.

Ambas as formas de meditação podem ser auxiliadas por:

- silêncio total, ou música suave.

- sons de água, sinos, vento, animais (o som da baleia, por exemplo).

- aromas e/ou cores.

- mantras.

- pontos focais de meditação.

Mantras são sons ou seqüência de sons silábicos, que se repetem muitas e muitas vezes. Mesmo que conheçam o significado das palavras, muitas pessoas preferem entoar mantras no seu idioma de origem, pois uma frase conhecida (no próprio idioma do meditante) pode privilegiar o pensamento racional, que não é o objetivo na meditação. Um ponto focal de meditação é um objeto, uma imagem, uma vela, ou mesmo uma flor ou planta, onde o praticante concentra seu ângulo de visão e se põe a meditar. Na meditação, as imagens não são usadas para fins de adoração (o Deus cristão, ou deuses de outras religiões), mas apenas como ponto de referência e de concentração. Os pontos focais de meditação auxiliam o praticante a não dispersar sua atenção e suas energias, por exemplo, com pessoas entrando e saindo do recinto, vozes ou objetos espalhados pelo ambiente. No zen budismo, não há ponto focal, senão simplesmente a parede nua, simbolizando o vazio, para onde o praticante se volta para meditar.

É o que ensina Petrucio Chalegre, praticante zen há 27 anos e diretor da Fundação Todatsu. Segundo Chalegre, "a prática da meditação existe em todas as linhas budistas mais antigas, com poucas exceções". E dá exemplos: "Podemos dizer que as linhas principais diferem em termos de métodos de treinamento, umas mais monásticas (theravada), outras mais voltadas aos leigos (mahayanas), outras ainda com práticas elaboradas de visualizações (vajrayana), mas com um substrato comum bem estabelecido".

No zen, diz ele, se dá principalmente "a imobilidade física e o esvaziamento mental", para deixar de lado "todos os juízos e pensamentos". Quanto à freqüência, "a prática pode ser bem intensiva, todos os dias e, nos mosteiros, ela acontece várias horas por dia", diz o zen budista.

Há infinitas variações da técnica de meditação, a qual pode ser feita individualmente ou em grupo. O que varia são os temas ou enfoques escolhidos como auxiliar na técnica, como os temas religiosos - hindus, budistas, católicos, mas isto não deve atrelar a meditação a qualquer religião, devendo ela ser vista como uma técnica terapêutica, antes de tudo. 

Vantagens da Meditação

- Evita ou diminui o uso de drogas químicas como anestésicos e analgésicos, que podem causar problemas de intolerância, alergias, fraqueza nas pernas, tontura e outros efeitos colaterais.

- A meditação não tem custo, ou, se tiver (em cursos regulares e sessões de prática), estes são muito menores do que o custo de medicamentos.

- Não há contra-indicações para meditação como há para os remédios, salvo em casos de graves doenças ou transtornos mentais, quando as práticas de meditação devem ser acompanhadas por um médico neurologista ou psiquiatra.

- A meditação, se bem feita e com freqüência, tem abrangência maior do que o motivo inicial que levou o indivíduo a praticá-la, implicando em mudanças de posturas e de atitudes diante da vida que influem beneficamente na saúde física e mental.

- Não há o risco do indivíduo viciar-se em analgésicos quando ele é substituído pelo hábito regular da meditação, que é uma prática saudável. 

- Ao praticar meditação, a pessoa deve ter uma meta, um objetivo. No zen, segundo Chalegre, o objetivo da meditação é "clarear as ilusões, desvencilhar-se das crenças e apoios" (muletas, tais como velhos hábitos, rigidez de postura, etc), "compreender o absoluto". Para um budista, a meditação é uma técnica muito utilizada, que ajuda a "acordar como Buda (que significa "desperto") e assim obter a iluminação", relata.

- A vantagem desta técnica, de acordo com o praticante zen, é que ela pode ser usada por qualquer um para obter calma, relaxamento físico, diminuição das tensões mentais, serenidade".

- Chalegre considera benéfica a meditação zen, silenciosa, de frente para uma parede, isolada e exigente. "Seus efeitos são extremamente rápidos", ele explica, e "desde a primeira experiência as pessoas começam a descobrir coisas sobre si mesmas, seus pensamentos, seu estado psicológico, suas tensões".

- A meditação desvia a atenção da dor, fazendo com que o indivíduo comece a ter uma percepção maior de outras sensações, ficando mais claro para ela os sons, o paladar, as cores, etc. Essa mudança na percepção seletiva é muito importante na diminuição da dor e na recuperação do bom humor, que em geral não existe quando o paciente está debilitado.

Cuidados

- Algumas pessoas mais sensíveis, se colocadas desde o início a meditar por longo período, podem ter alucinações - o mais freqüente é a pessoa ver luzes, auras, e às vezes figuras em movimento. Por isso, elas devem ser ensinadas a entrar e a sair do estado medidativo lentamente, não de forma brusca, e começar com períodos curtos, aumentando depois com a prática, pois podem mergulhar em um estado de transe mais profundo, próximo da auto-hipnose.

- As pessoas que meditam devem ser incentivadas a serem produtivas na sua vida diária, fazendo tarefas de rotina, para que não se isolem de seu quotidiano, pois as sensações obtidas na meditação são muito atraentes.

- O cuidado na escolha de um instrutor é essencial, pois este pode conduzir a pessoa a um ponto importante de seu auto-conhecimento, do controle de sua mente-corpo, ou a lugar nenhum.

- Toda meditação por si mesma é benéfica, e o praticante não deve ser induzido a entrar em uma nova religião, principalmente se não for essa sua vontade, em troca de aprender como meditar.

- Como são inúmeros os centros de meditação, é natural que a pessoa, ao procurar pela primeira vez, fique como um pássaro voejando em busca de seu ninho, até encontrar o 'lugar certo', isto é, o lugar onde ela se sinta mais confortável. Para isso, a pessoa não deve se constranger mas deve sempre questionar, fazer perguntas, exercer seu senso crítico, toda vez que for necessário.

- Por outro lado, para aprender, é preciso também que a pessoa se esvazie de seu sistema de crenças, como um copo que, para ser enchido, precisa antes estar vazio, caso contrário ela não aprenderá nada.

- É aconselhável que a pessoa que procura a meditação para o controle da dor mantenha uma espécie de diário e registre ali suas impressões, para ver mais adiante se a meditação está dando resultados, e discuta isso com seu médico. 

- O praticante zen diz que a técnica tem se espalhado entre profissionais da área médica, da psiquiatria e da psicologia. Existindo então essa ajuda profissional, já é possível falar em alguns cuidados. Para Chalegre, "pessoas com distúrbios devem ser avaliadas antes, não devem sentar-se a sós para meditar, pois a solidão pode aguçar fantasias se não houver orientação adequada".

Curiosidades

- Terry Cliford, estudioso da psiquiatria budista, recomenda entoar o maior número de vezes possível o mantra budista (tibetano) da medicina: Teyata - Om bekanze bekanze mahabekanze bekanze raza samudgate swaha. Simplesmente lido, um mantra pode parecer estranho aos olhos ocidentais. Mas quando se entra em um ambiente onde o mantra é entoado em coro, seu som traz uma impressionante sensação de paz e de conforto que de imediato faz com que o indivíduo se sinta confortável.

- Chalegre
 relata que há experiências em que a meditação ajuda no controle da dor: "os praticantes adquirem grande tolerância a todos os eventos externos e o controle da mente se extende sobre todo o seu ser". E acrescenta: "Há relatos bem modernos e documentados (guerra do Vietnã) de pessoas que foram queimadas vivas em posição de meditação sem uma manifestação física".

- Perguntado como ele definiria o que é meditação, Chalegre afirma: "Não definiria. Não se explica o sabor do sal, dá-se um pouco para provar e pronto".

- Hugues Ferté, diretor geral dos Laboratório Canonne (fabricante das pastilhas Valda), criou uma sala de meditação, com ambiente oriental, e uma sala de ginástica para seus 100 funcionários no Rio de Janeiro, onde ele mesmo conduz a meditação. A ginástica pode ser feita desde as 6 horas, antes do trabalho, e a meditação é feita por meia hora, durante o almoço, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das pessoas que ali trabalham. Simpatizante do budismo, Ferté se exercita antes de ir para o trabalho, em sua sala decorada (como a sala de meditação da empresa) em estilo oriental, privilegiando cores claras e luz natural, com vidros, de onde ele pode ver o laboratório. A meta de Ferté é que o trabalho seja uma extensão de sua casa e dos funcionários.

- A Companhia Suzano de Papel e Celulose também entrou no mesmo ritmo. Desta vez, além de relaxamento, existe também a prática da música. Vanda Guimarães, secretária da presidência da empresa, conduz nos intervalos do trabalho o coral da Suzano, que, segundo ela, tem proporcionado um enorme bem-estar aos funcionários.

- Enxaquecas, ansiedade, dores nas costas, eczema são alguns dos problemas eliminados por pessoas que meditam, segundo Dr. Fields.

- Há uma enorme variedade de casos estudados com pacientes de câncer, cujas metásteses estacionam ou mesmo diminuem quando o paciente é levado ao relaxamento.

- Estudos feitos por Jon Kabat Zinn, diretor da Estresse Reduction clinic, 65% dos pacientes relataram diminuição da dor, depois de práticas de meditação.

Fonte: Boa Saúde


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